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PORTUGAL - FÁTIMA: Tour de 1 dia em Fátima, Batalha, Nazaré e Óbidos

Visitamos quatro cidades históricas de Portugal: Fátima, famosa pelas três aparições da virgem em 1917 e pelo seu belíssimo santuário; Óbidos, uma incrível e bem preservada vila medieval; Batalha que abriga um mosteiro do século XIV; e Nazaré, que guarda a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, e ficou famosa pelo surfe e enormes ondas.



Por Irmãs pelo Mundo, outubro de 2022


Em outubro de 2022 nossos pais eles embarcaram para Portugal em uma viagem de 10 dias e visitaram algumas cidades entre Lisboa e Porto. Estamos compartilhando o roteiro completíssimo com todas as informações necessárias para ajudar você a programar a sua viagem inesquecível à terra dos nossos colonizadores. Ainda tem muita história interessante para contar!


Falaremos nesse post sobre o day tour para Fátima, famosa pelas três aparições da virgem em 1917 e onde se encontra um dos templos cristãos mais importantes do mundo, com 6 milhões de visitantes anuais; Batalha e o seu mosteiro, uma construção do século XIV, que levou 2 séculos para ser finalizada; Óbidos, uma incrível e bem preservada vila medieval repleta de flores, com um belíssimo centro histórico; e Nazaré, um antigo povoado de pescadores, que guarda a imagem de Nossa Senhora de Nazaré e hoje famoso por atrair surfistas do mundo inteiro em busca das ondas gigantes. Se quiser saber mais sobre as demais cidades visitadas é só clicar nos links abaixo:


Lisboa: a cidade das sete colinas – clique aqui para ler

Sintra: tour de 01 dia a Sintra, Quinta da Regaleira, Palácio Pena e Cascais – clique aqui para ler

Lisboa: Belém, o bairro que revive o auge do império Portugues na era dos descobrimentos - clique aqui para ler

Évora: tour de 01 dia em uma das cidades mais antigas da Europa – clique aqui para ler

Porto: a cidade que dá nome ao país (e ao vinho) – clique aqui para ler

Douro: tour de 01 dia pela região vinícola mais famosa de Portugal – clique aqui para ler

Espanha: Santiago de Compostela, tour de 01 dia saindo de Porto – clique aqui para ler

Braga e Guimarães: a capital do turismo religioso de Portugal e o berço de Portugal – clique aqui para ler


As informações de Portugal, quando ir, onde se hospedar (nossas experiências), gastronomia e como se locomover estão no link: PORTUGAL – O berço dos grandes descobrimentos – clique aqui para ler

 

FÁTIMA E O SEU FAMOSO SANTUÁRIO


Fátima é uma cidade portuguesa situada na Serra de Aire, sede da freguesia homônima do município de Ourém, com apenas 13.224 habitantes. A sua fama mundial deve-se ao relato das aparições da Virgem Maria reportadas por três pastorinhos de 13 de maio até 13 de outubro de 1917. Devido ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, situado no lugar da Cova da Iria, a cidade tornou-se num dos mais importantes destinos internacionais de turismo religioso, recebendo cerca de seis milhões de pessoas por ano.



O nome provém do nome árabe Fátima (Fāţimah, Árabe: فاطمة ), uma das filhas do profeta Maomé. No século XII, quando ainda a região era disputada entre cristãos e muçulmanos, uma nobre moça sarracena, filha do governador do castelo de Alcácer do Sal, de nome Fátima em honra da filha do profeta Maomé, foi envolvida em um encontro entre ambos os grupos. Um célebre paladino da Reconquista, Dom Gonçalo Hermingués, por ela se apaixonou e com ela se casou, depois de ela se converter e se batizar, adotando o nome Oriana. Às terras serranas, o conde deu o nome de Terras de Fátima, em memória dos seus ancestrais, e ao condado o nome de Oriana, depois chamado de Ourém. O amor dos dois foi logo interrompido pela morte prematura da jovem.


Dom Gonçalo, inconsolável em sua dor, abandonou as armas e se fez monge na abadia cisterciense de Alcobaça, até hoje visitado por turistas, onde conseguiu sepultar os restos mortais da esposa tão amada. Depois de poucos anos a abadia fundou um mosteiro a poucos quilômetros do local e para ele enviou Dom Gonçalo como seu superior. Mais uma vez foi concedido ao ex-líder guerreiro que não se separasse dos restos de Fátima, que foram depositados na nova igreja da localidade, até então um local ermo, e que agora recebeu o nome daquela que, nascida muçulmana, havia se tornado uma exemplar esposa cristã. O mosteiro, depois de muito tempo, desapareceu, mas até hoje está de pé a pequena igreja, dedicada a Nossa Senhora, onde teria sido enterrado o corpo de Fátima.


Distante 40 km de Fátima, o Mosteiro de Alcobaça foi a primeira fundação cisterciense de Portugal e também marcou a chegada do estilo gótico no país. Além de ter participado da história de amor de Fátima e Dom Gonçalo, no mosteiro estão enterrados D. Pedro I e D. Inês de Castro, os reis portugueses protagonistas da maior história de amor proibido desde Romeu e Julieta - foto: divulgação

A cidade de Fátima possui uma “vocação Mariana” bem determinada. O lugar entra para história com a construção de uma igreja dedicada à Virgem, a serviço do Opus Dei, a liturgia divina celebrada pelos monges de São Bernardo de Claraval, o grande cantor de Nossa Senhora, porém os historiadores citam ainda muitos outros fatos que somente uma visão muito distante da fé poderia, sem hesitação, definir como simples coincidências.


Foi no planalto de Fátima, na vigília da Assunção de 1385, que o rei João I e o beato Nuno de Santa Maria Álvares Pereira (1360-1431), “herói nacional e santo, conseguiram uma prodigiosa vitória contra os espanhóis invasores, depois de terem feito publicamente um voto a Maria. 532 anos depois, em 1917, justamente ali, naquele lugar sagrado para a nação lusitana, aparece Maria, precedida pela tríplice aparição em 1916 da misteriosa criatura que se intitulou a si mesma de “O Anjo de Portugal” (duas aparições na Loca do Cabeço e uma vez ao pé do poço no jardim da casa dos pais de Lúcia). Por volta do ano de 1758, Nossa Senhora também teria aparecido a uma pastorinha muda no lugar onde hoje se ergue o Santuário de Nossa Senhora da Ortiga.


Santuário de Nossa Senhora da Ortiga é um santuário mariano localizado no lugar da Ortiga, na freguesia de Fátima, município de Ourém, em Portugal - foto: divulgação

Os acontecimentos ocorridos em Fátima em 1917 constituem um marco de capital importância na história da Igreja, uma autêntica aurora dos Tempos Novos que hão-de-vir. Em 13 de maio de 1917, a três crianças – conhecidos como "Os Três Pastorinhos" - Lúcia dos Santos e os seus primos, Francisco e Jacinta Marto, estavam pastoreando as suas ovelhas no lugar da Cova da Iria (um vasto pasto da família de Lúcia), e testemunharam a primeira de várias aparições de uma linda Senhora vestida de branco. No local ergue-se atualmente a Capelinha das Aparições.


A Capelinha das Aparições é o "coração" do Santuário de Fátima. Foi no local onde se encontra a Capelinha que Nossa Senhora falou aos pastorinhos - foto: divulgação

A Senhora, mais tarde referida como a Senhora do Rosário, declarou ter sido enviada por Deus com uma mensagem: um apelo à oração, ao sacrifício e à penitência. Ela visitou os pastorinhos, aparecendo-lhes todos os dias 13 entre os meses de maio e outubro de 1917.


  1. 13 de maio de 1917: Na primeira aparição pediu orações e sacrifícios em reparação pelos pecados cometidos contra Deus e pela conversão dos pecadores. Recomendou também que rezassem o Terço todos os dias.

  2. 13 de junho de 1917: Na segunda aparição, Nossa Senhora revela que levaria em breve Jacinta e Francisco, mas Lúcia ficaria por mais algum tempo, sendo instrumento para tornar Nossa Senhora mais conhecida e amada. Revelou também o desejo de seu Divino Filho de se estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração d’Dela.

  3. 13 de julho de 1917: Foi na terceira aparição que Nossa Senhora revelou-lhes o famoso “Segredo”, nas suas 3 partes, ordenando que não contassem a ninguém. A primeira parte do segredo foi a visão do inferno onde os pecadores caíam pela sua falta de fé; a segunda, o anúncio do começo de uma nova guerra mundial (confirmou a Segunda Guerra Mundial); e a terceira parte do segredo foi escrita pela vidente Irmã Lúcia em 1944, e só foi divulgado em 13 de maio de 2000 pelo Papa João Paulo II. Anunciou também que no mês de outubro faria um milagre por onde todos acreditariam nas aparições.

  4. 19 de agosto de 1917: No dia marcado para a quarta aparição os pastorinhos não puderam comparecer, mas nem por isso Nossa Senhora de Fátima deixou de visitá-los dias depois em outro local, onde pede novamente que rezem muito pelos pecadores. Inúmeros acontecimentos marcaram profundamente a vida das crianças: Seus pais foram intimados pelas autoridades locais, o padre local não lhes dava crédito, foram submetidas a exaustivos interrogatórios, sequestradas, ameaçadas de morte e até mesmo ficaram presas em uma cadeia pública junto com outros detentos.

  5. 13 de setembro de 1917: Na quinta aparição recomendou que continuassem a rezar o terço para o fim da guerra, disse que Deus estava contente com os sacrifícios dos pastorinhos e reafirmou que faria um milagre em outubro.

  6. 13 de outubro de 1917: Na última aparição, Nossa Senhora revelou-Se como sendo a Senhora do Rosário, pediu que fizessem uma capela no local em sua honra, que rezassem o terço todos os dias e profetizou que a Guerra terminaria em breve. Realizou também diante da multidão o milagre anunciado: o Sol começou a bailar, várias pessoas foram curadas, choveu e as roupas secaram. Cerca de 70.000 peregrinos testemunharam e assistiram ao chamado Milagre do Sol.


Registro do Milagre do Sol em Fátima - foto: divulgação

Lúcia tornou-se freira de clausura monástica da Ordem das Carmelitas Descalças e morreu em 13 de fevereiro de 2005, aos 97 anos de idade. Francisco morreu em 1919, em casa, na aldeia de Aljustrel, e Jacinta morreu em 1920, no Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa, ambos por causa da pneumonia. As casas onde viviam ainda permanecem em pé e alguns dos quartos ainda conservam o mesmo aspecto que ofereciam naquela época.


Os três pastorinhos - foto: divulgação

Para marcar o local das aparições, foi construído um arco de madeira com uma cruz na Cova da Iria. Os religiosos e os leigos começaram a viajar em peregrinação ao local das aparições e em 6 de agosto de 1918, com as doações dos peregrinos, construiu-se uma capela pequena, de pedra calcária e argila. Em 6 de março de 1922, a capelinha foi destruída por explosivos, o que resultou num grande buraco do telhado, embora nem todos os artefatos colocados tenham sido detonados. De maneira similar, uma outra bomba que havia sido colocada junto à azinheira das aparições não chegou a explodir.


A evolução da capelinha das aparições ao longo dos anos - fotos: divulgação

Estes eventos contribuíram apenas para aumentar ainda mais o fervor dos peregrinos e a magnitude das romarias à Cova da Iria, bem como crescentes protestos contra o governo. Por motivos de precaução, o Bispo de Leiria proibiu a reconstrução da capela, então a capelinha foi simplesmente recoberta por um telheiro improvisado, tornando-se então o centro do culto às aparições e mensagens de Fátima. Somente em 13 de maio de 1928, houve o lançamento e a bênção da pedra fundamental que daria origem ao Santuário de Fátima. A coluna que está diante da construção indica o lugar exato em que a Virgem se dirigia aos pastorinhos.


Capelinha das Aparições e e Santuário de Fátima nos dias atuais - foto: divulgação

Não longe do Santuário, outros dois lugares também concentram diariamente um bom número de peregrinos. Trata-se de Valinhos, onde ocorreu a quarta aparição da Virgem e Loca do Cabeço, lugar onde o anjo anunciador apareceu em duas ocasiões.


Local da 1 e 3 aparição do Anjo em Valinhos - foto: divulgação

Ao longo dos anos, com a consolidação do santuário como um importante centro de culto Mariano e com a crescente atenção dada por papas e fiéis à Mensagem de Fátima, as peregrinações, procissões e orações no local cresceram enormemente, atraindo grandes multidões de todo o mundo. Em 2015, o santuário acolheu 6 milhões e 676 mil visitantes nas 9.948 celebrações realizadas ao longo do ano com a maior afluência de peregrinos a ocorrer durante o mês de maio.


A construção do atual Santuário de Nossa Senhora de Fátima, assim como a instalação de mosteiros e conventos de diversas ordens e congregações religiosas católicas, trouxe um grande desenvolvimento para a freguesia de Fátima e a toda a região envolvente. Fátima foi elevada de vila à categoria de cidade a 12 de julho de 1997. Atualmente, existem milhares de peregrinações anuais, vindas de várias regiões de Portugal e do estrangeiro, as quais estimulam o turismo da região.


Infelizmente não conseguimos visitar o interior do Santuário e a Capelinha das Aparições pois como estava em horário de missa, os acessos são bloqueados - arquivo irmãs pelo mundo
 

MOSTEIRO DA BATALHA


O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido como Mosteiro da Batalha e igualmente designado por "Templo da Pátria", é um antigo mosteiro dominicano situado na vila de Batalha. A construção foi iniciada em 1386 pelo rei D. João I de Portugal como agradecimento à Virgem Maria pela vitória contra os rivais castelhanos na batalha de Aljubarrota que lhe assegurou o trono e garantiu a independência de Portugal. Levou cerca de dois séculos para ser finalizada, em 1563, passando pelo reinado de sete reis de Portugal. Desde 1388 já ali viviam os primeiros frades dominicanos - o mosteiro é da Ordem de São Domingos.


Estátua equestre em homenagem a D. Nuno Álvares Pereira, comandante que derrotou o exército castelhano na batalha de Aljubarrota

Por conta do longo tempo de construção, em sua arquitetura existem diversas propostas artísticas, de soluções góticas (predominantes) manuelinas e um breve apontamento renascentista. A fachada principal é um bom exemplo do gótico flamejante e está decorada com figuras que representam personalidades do Antigo Testamento. Vários anexos foram introduzidos no projeto inicial, resultando um vasto conjunto monástico que atualmente apresenta uma igreja, dois claustros com dependências anexas e dois panteões reais, a Capela do Fundador, onde estão enterrados D. João I e sua esposa, e as Capelas Imperfeitas, chamadas assim por nunca terem sido acabadas.


Interior do Mosteiro da Batalha - arquivo irmãs pelo mundo

É um monumento nacional desde 1910, que integra a Lista do Patrimônio da Humanidade definida pela UNESCO, desde 1983. Em 7 de Julho de 2007 foi eleito como uma das Sete Maravilhas de Portugal e desde 2016 tem o estatuto de Panteão Nacional.



A pequena povoação de Batalha (cerca de 8.000 habitantes), até certo ponto eclipsada pela fama e beleza do Mosteiro, deve a sua origem à chegada dos numerosos artistas e trabalhadores que participaram na magna obra. O núcleo urbano conserva ainda algumas das primeiras casas construídas na época.


As ruas charmosas de Batalha
 

NAZARÉ


A Nazaré é uma vila portuguesa do distrito de Leiria sede do município homônimo, subdividido em 3 freguesias e possui cerca de 10.300 habitantes. O atual espaço urbano da vila é composto pelos três antigos povoados, Pederneira, Sítio da Nazaré e Praia da Nazaré e pelos novos bairros da segunda metade do século XX, como a Urbisol ou o Rio Novo, surgidos em consequência da expansão natural dos três núcleos primitivos.


Pelas ruas de Nazaré - arquivo irmãs pelo mundo

O município e a freguesia tiveram a designação de "Pederneira" até 1912, ano em que foi alterado para "Nazaré", que está intrinsecamente ligado à Lenda de Nossa Senhora de Nazaré. A Pederneira, atualmente um dos bairros da vila da Nazaré, mantém ainda o edifício dos antigos Paços do Concelho, o pelourinho, a igreja Matriz de nossa Senhora das Areias e a igreja da Misericórdia, como testemunhos da sua antiga condição de vila sede de concelho.


Conta a Lenda de Nazaré que ao nascer do dia 14 de setembro de 1182, um nobre da vizinha localidade de Porto de Mós, D. Fuas Roupinho, alcaide do castelo de Porto de Mós, esteve a ponto de cair do topo da falésia, enquanto perseguia um veado durante uma caçada a cavalo. Quando se deu conta de estar à beira do precipício, em perigo de morte, reconheceu o local, onde havia uma gruta em que se venerava uma imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus. Rogou então, em voz alta: Senhora, Valei-me!. De imediato, miraculosamente o cavalo estacou, fincando as patas no penedo rochoso suspenso sobre o vazio, o Bico do Milagre, salvando-se assim o cavaleiro e a sua montada da morte certa que adviria de uma queda de mais de cem metros.


Bico do Milagre - arquivo irmãs pelo mundo

D. Fuas desmontou e desceu à gruta para rezar e agradecer o milagre. Em seguida mandou os seus companheiros chamar pedreiros para construírem uma capela sobre a gruta, em memória do milagre, a Ermida da Memória, para aí ser exposta à veneração dos fiéis a milagrosa imagem. Antes de edificar a gruta os pedreiros desfizeram o altar ali existente e entre as pedras, inesperadamente, encontraram um cofre em marfim contendo algumas relíquias e um pergaminho, no qual se identificavam as relíquias como sendo de São Brás e São Bartolomeu e se relatava a história da pequena imagem esculpida em madeira, policromada, representando a Santíssima Virgem Maria sentada num banco baixo a amamentar o Menino Jesus.


Ermida da Memória - foto: divulgação
Imagem original de Nossa Senhora de Nazaré - foto: divulgação

Segundo o pergaminho, a imagem teria sido venerada desde os primeiros tempos do Cristianismo em Nazaré, na Galileia, terra natal da Virgem Maria. No século V, o monge grego Ciríaco transportou-a até ao mosteiro de Cauliana na Espanha, perto de Mérida. Ali permaneceu, até 711, ano da batalha de Guadalete, após a qual, vencidas pelos muçulmanos, as forças cristãs fugiram para norte e D. Rodrigo, o rei cristão derrotado, conseguiu escapar do campo de batalha disfarçado de mendigo refugiando-se em Cauliniana. Os monges de Cauliniana prepararam-se para abandonar o mosteiro e D. Rodrigo ao confessar-se a um dos monges, frei Romano, teve de dizer quem era. O monge propôs-lhe então, fugirem juntos para o litoral atlântico e levarem consigo a muito antiga imagem de Nossa Senhora de Nazaré, que se venerava no mosteiro com fama de ser miraculosa e um cofre com relíquias de São Brás e São Bartolomeu.


A 22 de Novembro de 711 chegaram ao seu destino e instalaram-se no monte Seano, hoje Monte de São Bartolomeu, numa igreja abandonada que lá encontraram. Pouco tempo depois, separaram-se para viver como eremitas: o rei ficou na região e o monge levou consigo a imagem e instalou-se, a três quilômetros do monte, numa pequena gruta no topo de uma falésia sobre o mar. Passado um ano, o rei Rodrigo abandonou a região e o Frei Romano continuou a viver no eremitério subterrâneo até à sua morte. A sagrada imagem de Nossa Senhora de Nazaré continuou sobre o altar onde o monge a colocou até 1182 quando foi mudada para a capela que D. Fuas mandou construir sobre a gruta. A imagem permanece, desde 711-712, no mesmo local, o Sítio de Nazaré, atualmente um bairro da vila da Nazaré.


Sítio de Nazaré, local onde a imagem de Nossa Senhora permanece até os dias atuais - foto: divulgação

Em 1377, o rei D. Fernando (reinado 1367–1383), devido à significativa afluência de peregrinos, mandou construir, perto da capela, uma igreja para a qual foi transferida a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, decorrendo esta denominação, do seu lugar de origem, a aldeia de Nazaré na Galileia. O templo também abriga uma talha de Nossa Senhora feita em Nazaré, lugar onde nasceu a mãe de Jesus. A popularidade desta devoção na época dos Descobrimentos era tamanha entre as gentes do mar, que tanto Vasco da Gama, antes e depois da sua primeira viagem à Índia, quanto Pedro Álvares Cabral, vieram em peregrinação ao Sítio da Nazaré.


Santuário Nossa Senhora de Nazaré - foto: divulgação

Ao longo do século XX, Nazaré evoluiu progressivamente de uma vila de pescadores para uma vila dedicada ao turismo, tendo sido um dos primeiros pontos de interesse turístico internacional em Portugal. A indústria do turismo é hoje um dos principais empregadoras da vila.



As ondas gigantes de Nazaré (na Praia do Norte) ganharam fama mundial e já estão inscritas no Livro do Guinness pelo surf. As ondas gigante se devem ao canhão da Nazaré, um cânion localizado no fundo do mar, que desemboca na praia do Norte. São 227 Km de extensão e 5 km de profundidade máxima. É hoje impossível falar da Nazaré sem referir o recorde mundial da maior onda já surfada, de 30 metros, estabelecido por Garrett McNamara, em Novembro de 2011. A vila tornou-se na anfitriã dos maiores campeonatos internacionais de surf e recebe muitos desportistas dessa modalidade, assim como milhares de curiosos e de turistas que vêm apreciar as suas corajosas demonstrações.


Foto: divulgação

A praia de Nazaré, não tem as ondas gigantes, mas é a mais urbanizada, com boa infraestrutura de hotéis, pousadas, cafés e restaurantes. Possui calçadão em toda a sua orla que tem formato de arco. Ao sul e dentro da área do porto, fica a Praia do Sul, que acaba não sendo muito visitada por turistas por ter entrada condicionada e paga na portaria do porto, apesar de ser uma boa praia para pescadores e surfistas, com ondas tubulares e swell até 3 metros junto ao molhe da saída do rio.


Vista da Praia de Nazaré do Miradouro do Suberco - arquivo irmãs pelo mundo
Praia de Nazaré e o Sítio de Nazaré no alto da falésia - arquivo irmãs pelo mundo

Além das praias e ondas gigantes, Nazaré oferece outros pontos turísticos interessantes:


Funicular de Nazaré: Apesar de ser um meio de transporte comum, o ascensor se tornou um ponto turístico da cidade, ligando a praia principal ao alto do sítio de Nazaré, onde fica o mirante do Suberco e o santuário. Funciona desde 1889.



Sítio de Nazaré: a parte da cidade localizada em cima do penhasco, onde se desenvolveu a história de Nazaré. A primeira construção data de 1182 e o primeiro santuário em 1377. O sítio é também o caminho para o farol de Nazaré. O acesso pode ser feito de carro, por escadaria ou por funicular, a partir da Praia central.


Santuário de Nossa Senhora de Nazaré: a grande igreja barroca de Nazaré remonta ao século XIV e abriga uma antiga estátua da Virgem Maria, uma Madona Negra alimentando o menino Jesus. A história conta que a estátua tenha sido esculpida em Nazaré – Israel, e trazida para a cidade portuguesa, dando origem ao nome da cidade.


Miradouro do Suberco (mirante de Nazaré): uma das melhores vistas do mar que se tem em Portugal, ótimo lugar também para apreciar o pôr do Sol. No local fica também a Ermida da Memória, uma capela repleta de azulejos que completa o cenário.


Sítio de Nazare: Santuário, Mirante e Ermida da Memória. Bem na “ponta” fica o Farol de Nazaré e o forte - foto: divulgação

Farol de Nazaré: Desde 1903 o pequeno e fotogênico farol de cor laranja adverte os navegadores para a costa rochosa. Porém, muitos o maior perigo para eles é quando se formam as poderosas ondas.


Forte de São Miguel Arcanjo: A construção do forte iniciou-se em 1577, situado no topo da falésia. O forte foi palco de batalhas e fatos históricos, porém, nos dias de hoje é mais lembrado por servir de mirante para as ondas gigantes de Nazaré. Fica bem de frente para o canhão de Nazaré de onde surgem as famosas ondas.


Farol e Forte de São Miguel - foto: divulgação

Miradouro da Pederneira: Pederneira é um bairro alto e afastado da praia de Nazaré. A vila oferece um belo centro histórico e um mirante com vista de um ângulo diferente da praia. Em frente ao mirante fica a igreja da Misericórdia.


Vista do mirante, praia de Nazaré e no alto da falésia, o sítio de Nazaré - foto: divulgação
 

ÓBIDOS


Óbidos é uma vila portuguesa, com cerca de 2.200 habitantes. A vila é sede do município de Óbidos, com 11.924 habitantes, subdividido em 7 freguesias. O nome "Óbidos" deriva do termo latino ópido, significando cidadela, cidade fortificada. Nas suas proximidades ergue-se a povoação romana de Eburobrício. É provavelmente uma das vilas medievais melhor conservadas de todo Portugal.



Acredita-se que a primitiva ocupação humana na região remonte à pré-história. Pela sua proximidade da costa atlântica, despertou o interesse de povos invasores da Península Ibérica, tendo sido sucessivamente ocupado por Lusitanos (século IV a.C.), Romanos (século I), Visigodos (séculos V a VI) e Muçulmanos (século VIII), atribuindo-se a estes últimos a fortificação da povoação, como se constata pela observação de determinados trechos da muralha, com feições mouriscas.



A data de construção do castelo é incerta, mas passou a ser documentado a partir de 1153. No contexto da Reconquista cristã da Península, as forças do rei D. Afonso Henriques encontraram resistência para conquistar a povoação e seu castelo, o que finalmente aconteceu através de um ardil (10 de Janeiro de 1148). A reconquista definitiva foi no reinado de D. Sancho I, e foram procedidas obras no castelo.


Das muitas páginas que compõem o livro da sua história, a mais singular é a que a vincula com as bodas reais. Conta a história que no período compreendido entre os séculos XIII e XIX, Óbidos formou parte do dote que os monarcas portugueses entregavam às suas esposas com motivo do enlace matrimonial (até 1834), começando a tradição por D. Dinis, que deu a vila de presente à esposa Isabel durante as núpcias ali passadas.



Sob o reinado de D. João II (1481-1495), a rainha Dna. Leonor escolheu a povoação e seu castelo para residir após o falecimento de seu filho único, o príncipe D. Afonso. O seu sucessor, Manuel I de Portugal doou um novo foral a Óbidos (1513), procedendo a importantes melhoramentos na vila e em seu castelo. É dessa fase, no século XVI, a reconstrução dos Paços do Alcaide pelo alcaide-mor D. João de Noronha.



O terremoto de 1755 causou sérios danos na estrutura do castelo e por falta de dinheiro não pôde ser reconstruído. No contexto da Guerra Peninsular, a fortificação de Óbidos disparou os primeiros tiros de artilharia na batalha de Roliça (1808), primeira derrota das tropas de Napoleão. Posteriormente registrou-se a adaptação da torre albarrã a Torre do Relógio (1842) e a construção de escada exterior de acesso à Torre de D. Fernando (1869).


O castelo e todo o conjunto urbano da vila de Óbidos encontram-se classificados como monumento nacional, e a partir de 1932, sofreu as primeiras intervenções de consolidação, reconstrução e restauro a cargo da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, que se estenderam pelas décadas seguintes até aos nossos dias. Hoje a edificação é considerada uma das 7 Maravilhas de Portugal e abriga um hotel da rede Pestana, por isso, tem o seu interior fechado para visitas. Uma forma de conhecer a parte interna, no entanto, é fazendo uma refeição no restaurante do hotel. Clique aqui para reservar.


Imagina um café da manhã com essa vista!! Foto: divulgação
Quarto de realeza na Pousada do Castelo de Óbidos do grupo Pestana - foto: divulgação
Restaurante do castelo, lindo lindo! - foto: divulgação

Óbidos tem um charme único de cidade pequena, com ruas em zigue-zague, colorida e com flores caindo nas janelas das casas; é generosa em monumentos, restaurantes, lojinhas de artesanato e várias bancas com venda de ginja de Óbidos, a tradicional bebida da cidade que é servida em um copinho de chocolate (valor médio de 1 euro). Bastam poucas horas para percorrer todo o vilarejo.


No verão, geralmente no final de julho e início de agosto, de quinta a domingo, acontece o Mercado Medieval de Óbidos, uma forma de reviver épocas que marcaram a história da vila e de Portugal - arquivo irmãs pelo mundo
A feira acontece em um lugar que ja é emblemático e durante o evento os visitantes conhecem e convivem com vários hábitos e costumes típicos da Idade Média, como as lutas, os jogos, a música e até a gastronomia - foto: divulgação

Um dos principais monumentos de Óbidos está logo na sua entrada: a Porta da Vila, com uma capela revestida em azulejos azuis do século 18, em homenagem a Nossa Senhora da Piedade, padroeira do vilarejo.


Porta da Vila - arquivo irmãs pelo mundo
Capelinha Nossa Senhora da Piedade - arquivo irmãs pelo mundo

Na Praça de Santa Maria, além do pelourinho, está a igreja de mesmo nome, onde se casaram os primos Afonso V e Isabel, na metade do século 15, quando tinham entre 8 e 10 anos, e cuja origem se remonta à etapa da dominação visigótica. Mais adiante, próximo à entrada do castelo, está a Igreja de Santiago, que foi capela do castelo e cujo interior hoje abriga uma livraria; e a Igreja de São Pedro, com um notável retábulo de estilo barroco.


Praça Santa Maria - foto: divulgação
Igreja de Santiago - foto: divulgação
Igreja de São Pedro - foto: divulgação

Terminando o tour, retornamos a Lisboa para nossa última noite, e no dia seguinte pegamos um trem bem cedinho após o café da manhã para o próximo destino: Porto. Clique aqui para continuar a viagem com a gente!

 

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