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  • Irmãs Pelo Mundo

PORTUGAL – O berço dos grandes descobrimentos

Portugal é uma terra fascinante e se tornou um destino muito querido entre os brasileiros! Paisagens naturais, alguns dos melhores vinhos do mundo, gastronomia sem igual, um cenário cultural riquíssimo com a história viva a cada esquina.



Irmãs Pelo Mundo, outubro de 2022.


Chegou a hora de explorar o país dos nossos colonizadores. Como vocês já sabem, nossos pais também são correspondentes desse blog kkkkk, e em outubro de 2022 eles embarcaram para Portugal em uma viagem de 10 dias e visitaram algumas cidades entre Lisboa e Porto. É claro que iremos compartilhar esse roteiro completíssimo com todas as informações necessárias para ajudar você a programar a sua viagem inesquecível à terra do fado. Já adiantamos que tem muita história interessante para contar!


Neste post falaremos sobre a história de Portugal, para ajudar a contextualizar os locais visitados (colocamos no final do post), quando ir, onde se hospedar e como se locomover.


 

QUANDO IR


De um modo geral, Portugal é bom para se visitar durante o ano todo. O clima mediterrâneo é bem mais ameno do que o de outras regiões da Europa, onde o frio pode ser bem rigoroso no inverno. As estações são bem definidas, o verão é bem quente e seco, com temperaturas que chegam a 40°C em algumas cidades, e o inverno é frio e mais chuvoso, porém não é rigoroso. O outono e a primavera têm um clima bastante agradável e mais “neutro” com friozinho de manhã e de noite e mais quente durante o dia.


O verão, assim como na maioria dos países europeus, é a alta temporada e acontece entre fim de junho e começo de setembro. Durante esse período, os dias ficam bem longos, anoitecendo por volta das 21 ou 22 horas, ou seja, dá para curtir bastante. A baixa temporada em Portugal coincide com o inverno, que ocorre entre dezembro e março.

 

COMO SE LOCOMOVER


A escolha do meio de transporte em Portugal vai depender muito do seu roteiro. Caso você queira conhecer várias cidades no mesmo dia ou ir parando em lugares diversos pela estrada, opte por alugar um carro. Também é interessante estar de carro se você pretende visitar as vilas o interior de Portugal.


Para visitar Lisboa e realizar os demais trajetos, entre cidades maiores, como entre Lisboa e Coimbra ou Porto e Braga, os serviços de ônibus (autocarro) e o de trem (comboio) da CP atendem muito bem.


Estação Oriente, uma das centrais de Lisboa

Como nós fechamos tours privados com guia para visitar as cidades no interior de Portugal, optamos pelo transporte público para locomoção em Lisboa e Porto (metrô e bondinho, também conhecidos como elétricos), e para realizar o trajeto Lisboa-Porto compramos passagem de trem – o comboio AP realiza o percurso em cerca de 3h com poucas paradas. O transporte funciona perfeitamente em Portugal e caso a sua hospedagem esteja bem localizada, você consegue fazer muita coisa a pé.


Os elétricos dão um charme para a cidade

Para facilitar a vida do turista em Lisboa existe um cartão chamado Lisboa Card, que além de transporte público, inclui alguns monumentos e passagem de trem para Sintra e Cascais. O preço desse cartão é de 17,50€ em um período de 24h e 36€ para um período de 72h por pessoa. Em Porto há o Porto Card, que funciona da mesma forma que o Lisboa Card, com preços de 6€ para 24h a 15€ para 96h. Nós não adquirimos pois como fechamos tour privado e o hotel estava bem localizado, quase nem utilizamos o metrô. A passagem individual custa 1,50€.


 

ONDE SE HOSPEDAR


Nesta viagem ficamos hospedados em duas cidades base: Lisboa e Porto; e a partir delas realizamos os passeios para as cidades próximas. Escolhemos acomodações no centro histórico para facilitar a logística.


Assim como no Brasil, a cidade de Lisboa é composta bairros. A região central engloba os bairros Chiado, Baixa, Alfama e Bairro Alto, e é definitivamente uma das melhores localizações para quem não quer perder proximidade com os pontos turísticos. Além de estar no coração de Lisboa, a região é repleta de cafés charmosos, restaurantes e comércio de rua.


A região da Avenida da Liberdade até a Praça Marquês de Pombal não fica tão próxima às atrações turísticas mas é uma das melhores regiões de Lisboa com relação ao transporte público. Os hotéis são mais baratos do que as regiões mais centrais e badaladas, mas não deixam a qualidade de lado. Belém, apesar de ser o local de grandes atrações turísticas de Lisboa, está 20 minutos de transporte do centro histórico, o que pode ser uma desvantagem por conta da logística na cidade.


Ficamos em dois hotéis localizados na Baixa: 05 noites no Rossio Plaza Hotel, em frente ao Elevador Santa Justa e a poucos passos da Praça Rossio, e 01 noite no The 7 Hotel, apenas 240m de distância do Rossio Plaza.


O Rossio Plaza Hotel foi uma grata e bela surpresa! A nota 9 no Booking é real e merecida! Estávamos um pouco inseguras com a reserva, já que haviam apenas 54 avaliações no tripadvisor e poucas imagens de viajantes. O hotel tem localização fantástica, quartos amplos e bem decorados, cama muito confortável e banheiro espaçoso. Nossa acomodação tinha varanda com vista para a rua e para o Elevador Santa Justa. Além do amenity kit completo, o quarto possui cafeteira e cafezinho de cortesia. O café da manhã é bom, não há muitasssss variedades mas atende bem. Clique aqui para reservar.


Nosso quarto no Rossio Plaza Hotel. Nos surpreendemos muito com a acomodação - foto: divulgação
A vista da sacada do quarto com o Elevador Santa Justa - foto: divulgação
Banheiro novíssimo e grande para os padrões da europa - foto: divulgação
O hotel conta com café da manhã. Satisfaz porém poderia ser mais variado - foto: divulgação
Fachada do hotel, recém reformado - foto: divulgação

O segundo hotel escolhido para apenas uma noite foi o The 7 Hotel (como nosso voo era as 11 da manhã, preferimos pernoitar em Lisboa ao invés de seguir de Porto direto para o aeroporto). O hotel também é novo e bem localizado. O quarto é menor que o Rossio Plaza, mas é também muito bem decorado e com o banheiro espaçoso. Gostamos do café da manhã. Clique aqui para reservar.


Nosso quarto no The 7 Hotel, um pouco menor que o anterior - foto: divulgação
Café da Manhã excelente - foto: divulgação
Fachada do hotel e a vista para o Tejo - foto: divulgação
Fachada The 7 Hotel - foto: divulgação

Outra opção no centro de Lisboa, que escolhemos em 2016, você pode conferir nesse post. Clique para ler.


A cidade do Porto é relativamente pequena, onde quase tudo fica concentrado em alguns poucos bairros. Para fazer tudo a pé, a região do centro histórico (Baixa do Porto) até o bairro Ribeira é a melhor opção. Também é importante lembrar que a cidade do Porto tem o relevo bem acentuado com muito sobe e desce.


Nossa escolha foi a Pousada Porto – Rua das Flores, #9 no Ranking do Tripadvisor (também referenciada como Pousada Porto – Historic Hotel). A pousada é do grupo Pestana, que também possui uma acomodação emblemática na Ribeira, o Pestana Vintage. Localizada na Rua das Flores, uma das ruas mais fotografadas da cidade, cheia de lojas, cafés e restaurante, a pousada está a curta distância a pé das principais atrações turísticas, inclusive 400m da estação São Bento, o que facilita muito a logística.


Reservamos o quarto clássico, que é lindamente decorado mas achamos um pouco pequeno, assim como o espaço no box do banheiro. O café da manhã é fantástico. Clique aqui para reservar.


Nosso quarto na Pousada Porto. Confortável porém pequeno - foto: divulgação
A pousada em si já é uma atração - foto: divulgação
Café da Manhã excelente - foto: divulgação
Decoração impecável - foto: divulgação

A Rua das Flores também tem interesse histórico, devido aos seus nobres edifícios com mais de 5 séculos de construção - a Pousada Porto está instalada em um desses. Durante a adaptação da pousada foram preservadas as características do edifício original do século XVIII, mantendo os tetos abobados e as pedras destacadas, que agora assumem decoração. As flores que homenageiam o nome da rua também estão presentes na decoração do ambiente.


Deixando a localização em segundo plano, a Vila Nova de Gaia, cidade vizinha, bem próxima mesmo, entra como boa opção de onde ficar no Porto. É nesta região que se envelhece o exclusivo vinho do porto e onde está localizado um dos mais luxuosos hotéis da região, cujo restaurante anexo tem 2 Estrelas Michelin.


The Yeatman Hotel chiqueerrrimo - foto: divulgação
 

GASTRONOMIA


Alimentação não será problema ao viajar para Portugal! Pensa em uma comida deliciosa e com porções muito bem servidas! A proximidade com o oceano Atlântico e a presença do Tejo garantiu historicamente uma ampla e variada gastronomia lisboeta. O bacalhau, que geralmente se come assado ou cozido, e as sardinhas assadas, acompanhadas de batatas cozidas, são os dois pratos mais típicos. A lagosta, está presente no requintado prato “caldeirada à fragateira” e o linguado frito ou a santola costumam estar presentes nos cardápios dos restaurantes da capital.


Para quem gosta de carnes, a oferta abrange desde os bifes de vaca e as iscas de fígado temperado, até o suculento cozido à portuguesa, preparado com frango, chouriço, porco, vaca, batatas, couve, feijão verde e arroz. Para a sobremesa, queijos frescos ou curados do país, ou doces, muitos deles elaborados segundo antigas receitas dos conventos, incluindo o famoso pastel de Belém. E para acompanhar toda essa comilança, Portugal dispõe de uma ampla carta de vinhos, geralmente de baixa graduação, que inclui brancos, tintos, verdes ou maduros.


Restaurante fofo em Braga
Muitos drinks e vinhos maravilhosos
Os doces portugueses…
Sardinha na brasa
E a produção do verdadeiro Pastel de Belém!
 

ROTEIRO


Como a gente adora contar uma história, iremos dividir o roteiro em posts individuais:


Lisboa: a cidade das sete colinas – clique aqui para ler

Sintra: tour de 01 dia a Sintra, Quinta da Regaleira, Palácio Pena e Cascais – clique aqui para ler

Lisboa: Belém, o bairro que revive o auge do império Portugues na era dos descobrimentos - clique aqui para ler

Évora: tour de 01 dia em uma das cidades mais antigas da Europa – clique aqui para ler

Fatima: tour de 01 dia em Fátima, Nazaré e Óbidos – clique aqui para ler

Porto: a cidade que dá nome ao país (e ao vinho) – clique aqui para ler

Douro: tour de 01 dia pela região vinícola mais famosa de Portugal – clique aqui para ler

Espanha: Santiago de Compostela, tour de 01 dia saindo de Porto – clique aqui para ler

Braga e Guimarães: a capital do turismo religioso de Portugal e o berço de Portugal – clique aqui para ler


Agora senta com a gente para conhecer a história de Portugal:

 

HISTÓRIA


Portugal foi o berço de grandes descobrimentos e é a mais ocidente das nações europeias. Compreende uma área total de 92.090 km² (Santa Catarina tem 95.736 km²), e possui uma parte continental e duas regiões autônomas: os arquipélagos dos Açores e da Madeira. O leito do rio Rejo divide o país em duas zonas geograficamente bem diferenciadas: norte com uma paisagem de vales verdes e sul com as grandes planícies dominando o horizonte.


A pré-história de Portugal é partilhada com a do resto da Península Ibérica e os vestígios humanos modernos mais antigos datam 24.500 anos. Durante o período Neolítico, testemunhado no sul de Portugal pela cultura megalítica, a região foi ocupada por pré-celtas e celtas, que deram origem a povos como os galaicos, cinetes e lusitanos, e que ofereceram uma sólida e heroica resistência aos avanços das legiões romanas; a região também foi visitada por fenícios e cartagineses.


foto: divulgação

Os Romanos iniciaram a invasão da Península Ibérica, que chamavam "Hispânia" em 218 a.C., e no fim do século I a.C. foi criada a província da Lusitânia. Enquanto o sul foi ocupado com relativa facilidade, a anexação do norte só se deu no tempo do imperador Augusto 19 a.C., após vencida uma resistência de quase 200 anos. Por conta disto, a romanização teve uma influência desigual no território, com maior influência no centro e sul de Portugal, e pouca notoriedade nas montanhas do norte. Mesmo assim, os romanos marcaram a cultura da região, em especial a língua latina, que foi a base do desenvolvimento da língua portuguesa.


No século III, com as reformas do Imperador Diocleciano, foi criada uma região autônoma e independente chamada Galécia, que integrava o norte de Portugal, a Galiza e as Astúrias, últimos territórios conquistados. A partir de 409, com o enfraquecimento do império romano, os vândalos e alanos fixaram-se na região de Lusitânia, e a Galécia foi ocupada pelos suevos, ambos povos germânicos. Os suevos estabeleceram o seu reino com capital em Braga, e alguns monarcas também se instalaram em Guimarães e Portucale, a atual Porto e de onde provém o nome Portugal.


O templo romano da cidade de Évora é um dos símbolos maia significativos da presença romana em território português

Em 415 os Visigodos entram na Península, a pedido dos romanos, para expulsar os invasores - inicialmente avançaram para sul expulsando alanos e vândalos, e fundaram um reino com capital em Toledo. A partir de 470 cresceram os conflitos com o reino suevo, e este foi conquistado em 585. A Península Ibérica foi unificada sob o reino visigodo. Em 710, após conquistar o norte da África, os árabes aproveitaram a crise dinástica entre partidários e invadiram o reino visigodo, que veio ao colapso. O território ocupado como província do Califado Omíada chamava Alandalus e ao oeste da Península, correspondente a Portugal, chamavam o Algarbe Alandalus ou simplesmente Al-Garb (o ocidente). As populações locais puderam permanecer nas suas terras mediante pagamento e os seus hábitos cristãos e judeus foram tolerados.


Casa do Alentejo, criada para promover e preservar a cultura do Alentejo, fica em um edifício luxuoso de arquitetura com traços árabes - foto: divulgação

Como já acontecido séculos atrás com os romanos, o norte de Portugal foi mais impermeável à influência dos novos conquistadores, sendo que o domínio islâmico durou cinco séculos no sul e algumas décadas no a norte. Desde 718, refugiando-se da súbita invasão muçulmana, um grupo de cristãos visigodos resistiu na região montanhosa das Astúrias. Por volta de 840-900 a costa Portuguesa foi alvo de várias incursões Viking e durante este período o povo muçulmano, Cristão e Judeu viveu uma época de constante medo e receio de uma ameaça nórdica. As invasões foram cessadas por volta do ano 1000, mas deixaram marcas e influências como as imponentes muralhas do castelo de Guimarães e a vila de Póvoa do Varzim, uma colônia nórdica.


Castelo de Guimarães e suas muralhas

Em 868 os cristãos iniciaram a reconquista de territórios, e formaram o Condado Portucalense, o núcleo do Estado Português, estabelecido como parte da Reconquista do reino das Astúrias. Esse processo gradual originou o nascimento de pequenos reinos, que iam sendo alargados à medida que as conquistas eram bem sucedidas. Assim nasceram o Reino de Leão, de Navarra, de Aragão, de Castela e da Galiza. O condado Portucalense tornou-se parte do Reino de Leão em 1097.


Os territórios muçulmanos começaram a ser dominados pelos cristãos e paralelamente à expulsão dos árabes, as ânsias de independência dos portugueses vão tomando forma, até que no ano de 1143 pelo tratado de Zamora, D. Afonso Henrique, se autoproclama rei do país. Nascia assim o Reino de Portugal, com capital em Coimbra e iniciava-se a primeira dinastia.


D. Afonso Henrique, primeiro rei de Portugal - foto: divulgação

Em 1147, com o apoio de cruzados norte europeus, Afonso I de Portugal conquistou Lisboa. No dia 23 de maio de 1179, Portugal foi reconhecido pelo Papa Alexandre III como reino e D. Afonso Henriques como rei. Os sucessores do monarca português continuaram a reconquista contra os árabes, que em 1249 abandonaram Faro, a última cidade importante que dominavam. Assim, no reinado de D. Afonso III de Portugal, chega ao fim o período de reconquista do território português. Em 1290 adotou-se como língua oficial do reino de Portugal, em vez do latim, a "língua vulgar" (galego-português), a que chamou língua portuguesa. Nesse mesmo ano foi fundada a primeira Universidade em Portugal.


O último rei da primeira dinastia foi D. Fernando, neto de Afonso IV e filho do rei D. Pedro I. Desde 1369, no início do seu reinado, D. Fernando I travou as guerras fernandinas contra forças castelhanas, ao reclamar-se herdeiro do trono de Castela. Com a morte de D. Fernando I em 1383, a sua impopular esposa D. Leonor deixou o trono nas mãos da filha D. Beatriz casada com D. Juan I de Castela, planejando entregar-lhe o trono de Portugal. Esta decisão desencadeou uma revolta popular face à possibilidade da perda de independência.


Estátua em homenagem a D. Nuno Álvares Pereira, líder das tropas portuguesas na Batalha de Aljubarrota

A revolta foi liderada pelo meio-irmão de D. Fernando I, D. João, Mestre de Avis, filho ilegítimo de D. Pedro I, que com a ajuda dos ingleses derrotou as tropas castelhanas na batalha de Aljubarrota em 1385, assegurado a independência do reino. Assim terminava a dinastia de Borgonha e iniciava-se uma segunda dinastia portuguesa, a dinastia de Avis, com o reinado de D. João I. O casamento de D. João I com D. Filipa de Lencastre, princesa inglesa filha de João de Gante, e a assinatura do Tratado de Windsor (1386) selaram a Aliança Luso-Britânica. Os filhos dos monarcas são chamados de ínclita geração, cunhado pelo poeta Luís de Camões em "Os Lusíadas", publicado em 1572.


A nova dinastia marcou um período de grande mudança na sociedade, substituindo a antiga aristocracia por uma nova que iria ser responsável por uma nova era na história de Portugal: a era dos descobrimentos, que oficialmente começou com a conquista de Ceuta ano norte da África, em 1415. Neste período surge com força a figura do Infante D. Enrique, o Navegante, comandante de diversas expedições marítimas que deram como resultado o descobrimento da Ilha da Madeira (1419), dos Açores (1427) e a exploração de uma boa parte da África Ocidental. Intensificam a busca de um caminho marítimo para as "Índias", alternativo ao Mediterrâneo. Após sucessivas viagens exploratórias, em 1488 Bartolomeu Dias comprovou a ligação entre os oceanos Atlântico e Índico ao dobrar o cabo da Boa Esperança.


Padrão dos Descobrimentos, erguido em 1940 em forma de caravela para representar o ponto de partida dos barcos portugueses rumo ao Novo Mundo e homenagear as figuras históricas envolvidas nos Descobrimentos

Em rápida sucessão, Cristóvão Colombo chegou à América em 1492. As novas rotas e terras na América do Norte, na América do Sul, precipitou uma negociação entre D. João II e os Reis Católicos de Castela e Aragão, e como resultado, em 1494, foi assinado o Tratado de Tordesilhas (em substituição a “Bula Inter Caetera”), dividindo o mundo em duas áreas de exploração demarcadas por um meridiano situado entre as ilhas de Cabo Verde (a 370 léguas a oeste deste arquipélago) e as recém descobertas Caraíbas: cabiam a Portugal as terras "descobertas e por descobrir" situadas a leste deste meridiano, e à Espanha as terras a oeste dessa linha.


Foi, contudo, com a subida ao trono de D. Manuel I, o Venturoso (1495-1521) que Portugal atingiu os anos do seu máximo esplendor e prosperidade. Em 1498, Vasco da Gama chegou à Índia, estabelecendo o primeiro contato direto da Europa com a Ásia e inaugurando a importante rota do cabo. Em 1500, na segunda viagem para a Índia, Pedro Álvares Cabral desviou-se da costa Africana e aportou no Brasil.


Tumba de Vasco da Gama no Mosteiro dos Jeronimos

Durante a primeira metade do século XVI, embora D. João III já tivesse iniciado a colonização do Brasil em 1530, Portugal concentrou quase todos os seus esforços com a expansão no Oriente, sobretudo graças às conquistas de Afonso de Albuquerque. Os portugueses aportaram na China em 1513 e em 1542 ou 1543, no Japão, onde mais tarde ajudam a fundar Nagasaki. Em 1557, as autoridades chinesas autorizaram os portugueses a estabelecerem-se em Macau, que se tornou a base de um próspero comércio triangular entre a China, o Japão e a Europa, via Malaca e Goa. Em 1571, uma cadeia de entrepostos ligava Lisboa a Nagasaki: nascera o primeiro império global da história, trazendo enormes riquezas para Portugal.


Em 1578 com a morte de D. Sebastião, sem herdeiros, originou-se um problema de sucessão e uma grave crise dinástica em 1580. O Cardeal D. Henrique, irmão de D. João III, que já assumia as funções de regente, acaba por ficar com o trono, mas surgem três netos de D. Manuel I para brigar pela coroa: Catarina, duquesa de Bragança, António, Prior do Crato e Filipe II de Espanha. Filipe II de Espanha foi proclamado rei de Portugal com nome D. Felipe I, o primeiro de três reis espanhóis da dinastia filipina, fazendo surgir a chamada União Ibérica, em que Portugal e Espanha, mantendo coroas separadas, eram regidas pelo mesmo rei.


Neste período, por não ser mais independente e por estar envolvido na guerra travada por Espanha com os Países Baixos/Holanda, Portugal sofreu grandes reveses no império, resultando na perda do monopólio do comércio no Índico e ocupações holandesa em suas possessões coloniais. A dominação espanhola prolongou-se durante 60 anos, até que a nobreza nacional após ter vencido a guarda real num repentino golpe de estado, depôs a duquesa governadora de Portugal, coroando D. João IV como Rei de Portugal, restaurando a independência portuguesa e iniciando a dinastia de Bragança. A Espanha não reconheceu a soberania portuguesa até 1668.


Estatua Equestre do Rei Restaurador D. João IV na Vila Viçosa - foto: divulgação

A Guerra da Restauração contra Filipe IV, durou 30 anos e neste período Portugal teve que celebrada uma trégua com os holandeses, aceitando perdas na Ásia, São Tomé, Luanda, Ceilão e Malaca. Os holandeses aceitaram a soberania portuguesa do Nordeste brasileiro, mediante o pagamento equivalente a 63 toneladas de ouro. O final do século XVII e a primeira metade do século XVIII foi marcada pelo florescimento da mineração no Brasil, onde se descobriram ouro e pedras preciosas que fizeram da corte de D. João V uma das mais opulentas da Europa. O rei D. João V tornou-se então um dos mais ricos monarcas da Europa.


Dom João V foi um dos monarcas mais ricos da Europa - foto: divulgação

A 1 de novembro de 1755, no reinado do seu sucessor D. José I, o comércio externo baseava-se na indústria do vinho e o desenvolvimento econômico do reino foi impulsionado, pelos esforços de Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, ministro entre 1750 e 1777, com grandes reformas mercantilistas. A política econômica baseada no liberalismo contribuiu decididamente a reformar e modernizar as estruturas caducas do país.


Foi no reinado de D. José I que um violento sismo devastou Lisboa e o Algarve, a 1 de novembro de 1755. Marquês de Pombal, dirigiu uma rápida reconstrução. Na baixa de Lisboa aplicou os conceitos urbanos e estéticos do Iluminismo e iniciou um período de modernização e europeização, com reformas profundas na administração, economia e educação, rumo a uma monarquia absoluta impondo o despotismo esclarecido à nobreza.


Marquês de Pombal - foto: divulgação

O rei José morreu em 1777, ascendendo ao trono D. Maria I de Portugal e o com o apoio do seu marido D. Pedro III de Portugal, derrubaram o Marquês de Pombal e o forçaram a refugiar-se fora da capital. Este cenário ficou conhecido como viradeira. O império decaiu e o declínio acentuou-se com as guerras napoleônicas. Por manter a aliança com a Inglaterra e se recusar a aderir ao Bloqueio Continental, Portugal foi três vezes invadido pelos exércitos napoleônicos, sendo a primeira invasão em 1807. A corte e a família real portuguesa refugiaram-se no Brasil, deixando o território europeu de Portugal nas mãos de uma regência, com instruções para não "resistir" aos invasores.


No Brasil, a capital deslocou-se para o Rio de Janeiro e a corte prosseguiu a política internacional portuguesa. D. João VI mandou invadir a Guiana Francesa e a Cisplatina (Uruguai), como retaliação, e com a rebelião popular espanhola, as tropas espanholas abandonam Portugal. Em 1821 D. João VI, desde 1816 rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, regressou a Lisboa para jurar a primeira Constituição. No ano seguinte, o seu filho D. Pedro IV foi proclamado imperador do Brasil, passando a ser conhecido como D. Pedro I.


Estátua equestre de D. Pedro VI, nosso D. Pedro I, na cidade do Porto - foto: divulgação

A nomeação desagradou a corte portuguesa que entendiam que a soberania só poderia residir em Portugal continental. Com o retorno do rei D. João VI, em 1821, Lisboa recuperou o seu estatuto de capital e iniciou-se uma intensa movimentação política no sentido de restringir os privilégios do Brasil. Assim, ordenaram que D. Pedro IV (nosso D. Pedro I) deixasse o Brasil para se educar na Europa. D. Pedro não acatou as determinações que exigiam seu retorno para Portugal e em 9 de janeiro de 1822 afirmou que ficaria no Brasil. No dia 7 de setembro de 1822 ele recebe nova mensagem de Lisboa, que rasga diante dos companheiros, exclamando: "Independência ou morte!". Com este ato, conhecido como o grito do Ipiranga, inicia a independência do Brasil. Portugal reconheceu a independência do Brasil, em 1825.


Estátua de D. Pedro IV no Rossio - foto: divulgação

A nova nação independente negociou com a Grã-Bretanha e aceitou pagar indenizações de 2 milhões de libras esterlinas a Portugal num acordo conhecido como Tratado de Amizade e Aliança firmado entre Brasil e Portugal. Em 1822, aprovou-se a Constituição portuguesa de 1822, que deu inicio a monarquia constitucional, consagrando a divisão tripartida dos poderes (legislativo, executivo e judicial), e limitando o papel do rei a uma mera função simbólica.


Com a morte do rei D. João VI em 1826, houve uma disputa sobre a sucessão real entre constitucionalistas representados por D. Pedro então Imperador do Brasil e herdeiro imediato; contra tradicionalistas, com Miguel I, que fora expulso do reino após tentar dois golpes tradicionalistas - a Vilafrancada e a Abrilada. Chamado pela regência, D. Pedro foi por três meses rei de Portugal como Pedro IV. Mas, pressionado pela recusa dos brasileiros à união dos dois reinos e pelos Miguelistas, abdicou pouco depois para a sua filha Maria da Glória então com sete anos. Como parte do acordo de sucessão, em abril de 1826 D. Pedro criou uma Carta Constitucional que revia a Constituição de 1822 e retornou ao Brasil, deixando o trono a D. Maria da Glória e a regência a seu irmão D. Miguel até que esta atingisse a idade necessária para se casarem.


D. Miguel regressou a Portugal para jurar a Carta Constitucional de 1826 e exercer a regência, mas um mês depois convocou cortes tradicionais, com nobreza, clero e homens livres para então ser coroado como rei D. Miguel I, anulando a Constituição e depondo a monarquia constitucional de D. Maria. Foram seis anos de guerra civil até que, tomando o partido dos liberais, Pedro IV abdicou do trono brasileiro para o seu filho Pedro II do Brasil e selou uma aliança internacional para derrotar seu irmão em Portugal. As derrotas sucessivas de Miguel forçaram-no a desistir da luta na Convenção de Évora Monte, e permitir a restauração da monarquia constitucional e do trono de Maria II.


Com a morte de D. Maria II em 1853 passou a reinar em Portugal a Casa de Bragança-Saxe-Coburgo e Gota. O sucessor foi o seu filho D. Pedro V, cujo reinado iniciou um longo período em que Portugal foi um modelo de monarquia constitucional, e passou a vigorar o rotativismo, onde os dois principais partidos políticos, o Partido Regenerador (conservador) e Partido Histórico (progressista) alternavam no poder.


Estátua de D. Pedro V no Castelo de Vide - foto: divulgação

No final do século XIX, as ambições coloniais portuguesas chocaram com as britânicas, resultando no ultimato britânico de 1890. A situação de instabilidade prolongada e os cada vez mais comuns problemas e escândalos econômicos lançam a monarquia num descrédito crescente, e D. Carlos e o príncipe herdeiro D. Luís Filipe são assassinados em 1908 no Terreiro do Paço. A monarquia ainda esteve no poder durante mais dois anos, chefiada por D. Manuel II, o filho varão sobrevivente que ascendeu do grau de infante após a morte do rei e do Príncipe Real; mas viria a ser abolida em 5 de outubro de 1910, implantando-se a República. Um governo provisório chefiado por Teófilo Braga dirigiu os destinos do país até à aprovação da Constituição de 1911 que deu início à Primeira República.


O jovem rei D. Manuel II parte para o exílio na Inglaterra, assim como todos os demais membros da família real portuguesa da dinastia de Bragança, e após vários anos de instabilidade política e crises financeiras (problemas que a participação na Primeira Guerra Mundial contribuiu para aprofundar), a monarquia foi sucedida por uma república parlamentarista, que durou de 1910 a 1926. Foi um período de grande instabilidade política: nos dezesseis anos de duração teve nove presidentes e 45 governos.


D. Manuel II o último rei de Portugal - foto: divulgação

O exército tomou o poder, em 1926 e em 1928 assumiu António Oliveira Salazar, instituindo o chamado Estado Novo, que ao mesmo tempo que restaurou a economia, era um regime autoritário de corporativismo de Estado, com partido único e sindicatos estatais, com afinidades bem marcadas com o fascismo pelo menos até 1945 (a qualificação do regime de Salazar como fascista não é unânime na historiografia). Em 1968, afastado do poder por doença, sucedeu-lhe Marcelo Caetano.


Em 1939 Portugal declarou oficialmente a neutralidade na Segunda Guerra Mundial. Em 1949 ingressou na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN/NATO) e em 1955 na Organização das Nações Unidas. No pós-II guerra mundial, o crescimento à condenação ao colonialismo e a resistência à dominação portuguesa, resultou em uma guerra colonial com as províncias ultramarinas. No dia 25 de abril de 1974 em Lisboa houve um sucedido golpe de estado contra o Estado Novo que, por não ser violento, ficou conhecido como Revolução dos Cravos. António de Spínola foi designado Presidente da República, tendo entrado em funcionamento o primeiro de uma série de governos provisórios.


Uma das fotografias emblemáticas da Revolução dos Cravos - foto: divulgação

Foi iniciado o processo para conceder a independência colônias ultramarinas. No período de 1975 Portugal concede a independência a todas as suas antigas colônias em África, o que provocou um êxodo em massa para Portugal, principalmente de Angola e de Moçambique. Mais de um milhão de refugiados sem meios fugiram das antigas colônias portuguesas, os "retornados".


Os primeiros dois anos pós-revolução foram de instabilidade e possibilidade de guerra civil. O período desde a revolução até à promulgação de uma nova constituição, foi caracterizado por disputas entre forças de esquerda e de direita, particularmente durante o chamado verão quente. A constituição de 1976 define Portugal como uma república semi-presidencialista e a partir de 1986 reforçou a modernização e a inserção no espaço europeu com a adesão à Comunidade Econômica Europeia (CEE).

 

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